07/12/2009

oriki osun traduçao!

Orìkí para Òsun Eu elogio a deusa do mistério, espírito que limpa de dentro para fora, Eu elogio a deusa do rio Espírito que limpa de dentro para fora Eu elogio a deusa da sedução Mãe do espelho Espírito que limpa de dentro para fora Mãe da abundância Nós cantamos seus elogios Axé

oriki osun!

Ìba Òsun sekeseÌba Òsun olodiLatojoki awede we’moÌba Òsun ibu koleYeye kariLatokoko awede we’moYeye opoO san rere o Àse

palavras de sabedoria de meu amigo, Danilo Rocatto!

a guerra nem sempre é vencida com a força
e sim com a sabedoria e a inteligencia...
seja sabio e inteligente e todos os demais
inimigos cairao a sua frente!

29/07/2009

osun e o coraçao

No amor Oxum é ardorosa. Seu leito conhece muitos amantes, para os quais propicia momentos de raro prazer, de tão formosa e quente que é. Mas quando se apaixona realmente ela é entrega total. Oxum luta para conquistar o amor de Xangô e quando o consegue é capaz de gastar toda sua riqueza para manter seu amado. Ela livra seu querido Oxóssi do perigo e entrega-lhe riqueza e poder para que se torne Alaketu, o rei da cidade de Ketu. Porém Oxum é extremamente caprichosa e volúvel. Quando alguém lhe atrai, não importa quem seja o parceiro ou o sentimento que vá causar, ela faz o que for preciso para conquistar e desfrutar do prazer, mesmo que seja tão passageiro. Rebolando e cantando provocantemente, Oxum seduz a bela Iansã, mas logo a troca por outro alguém, tendo de fugir para não apanhar da deusa da tempestade. Oxum provoca disputa acirrada entre dois irmãos por seu amor: Xangô e Ogum, ambos os guerreiros famosos e poderosos, o tipo preferido por ela. Xangô é seu marido, mas independente disso, se um dos dois irmãos não a trata bem, o outro se sente no direito de intervir e conquistá-la. Afinal Oxum quer ser amada e todos sabem que ela deve ser tratada como uma rainha, ou seja, com roupas finas, jóias e boa comida, tudo a seu gosto. A beleza é o maior trunfo do orixá do amor. A vaidade a faz contemplar-se constantemente pelos reflexos na água ou nos espelhos que sempre dispõe. Não basta ser bonita, é preciso ser insuperável. Para tanto Oxum vai ao ataque contra quem a “ameaça”, pois a inveja abala sua autoconfiança. Ela usa o espelho de Egungun, que só mostra a morte, para que sua irmã mais bela, Oiá, se veja destorcidamente refletida e então enlouqueça de desespero. Como esposa de Xangô, ao lado de Obá e Oiá, Oxum é a preferida e está sempre atenta para manter-se a mais amada. Ela adora enganar Obá. Oxum induz Obá a cortar a própria orelha para cozinhar e servir para Xangô, dizendo ser o prato preferido do marido, que na verdade fica enojado e enfurecido. Ela também engana Eleguá que, a serviço de Obá para fazer um sacrifício, corta erradamente o rabo do cavalo de Xangô. Outra vez Obá queria agradar seu marido, mas acaba odiada por ele. Oxum definitivamente quer o fracasso de quem considera rival. Oxum é vingativa quando ofendida, sobretudo se sua forma física é ridicularizada. Ela tem pavor de ser tida como velha e feia. Por isso chega a matar o caçador pelo qual se enamora, após tanto tempo na lagoa se banhando, se preparando para encontrar seu amor, tempo em que envelheceu sem perceber. Oxum o mata por tê-la confundido com a velha feiticeira Ia-Mi-Oxorongá. É humilhação demais para quem tem a beleza acima de tudo. Melhor é cortar o mau pela raiz, custe o que custar afinal ser considerada feia é própria morte para ela. Foi de Oxum a delicada missão dada por Olodumare de religar o orum ao aiê quando da separação destes pela displicência dos homens. Tamanho foi o aborrecimento dos orixás em não poder mais conviver com os humanos que Oxum veio ao aiê prepará-los para receber os deuses em seus corpos. Juntou as mulheres, banhou-as com ervas, raspou e adornou suas cabeças com pena de ecodidé, enfeitou seus colos com fios de contas coloridas, seus pulsos com indés, enfim as fez belas e prontas para receberem os orixás. E eles vieram. Dançaram e dançaram ao som dos atabaques e xequerês. Para alegria dos orixás e dos humanos estava inventado o Candomblé. Os mitos da Oxum mostram o quão múltipla é sua personalidade. Dessa riqueza de traços resulta a possibilidade de que as mulheres mais diferentes como as que habitam um país tão grande como o nosso, em que a diversidade é a norma, se identifiquem com Oxum em maior ou menor grau. Aliás os orixás têm forte presença na música e em outras formas de manifestações artísticas da cultura brasileira (Prandi, 1997). É da mulher brasileira tal como a que aparece no imaginário popular,que vamos tratar a seguir. Continua...

a força de osun!

“Toda a cidade (Salvador) é d’Oxum” (Gerônimo & Vevé Calazans) Talvez melhor fosse dizer “toda mulher é d’Oxum”. O orixá da beleza e do amor é em certa medida um modelo de realização para as mulheres brasileiras, de um modo geral, ainda que muitas não o saibam. É a mulher que deu certo, do ponto de vista estritamente humano, isento de julgamentos morais. O valor estético de Oxum é inquestionável. No contexto brasileiro, inevitavelmente as mulheres se identificam com algum traço da personalidade desse orixá. Tal como a deusa africana, elas querem ser cobiçadas, contempladas e envolvidas intensamente no amor, pois são genericamente românticas. “E a Oxum mais bonita, hein? Tá no Gantois Olorum quem mandou Essa filha de Oxum tomar conta da gente...” (Dorival Caymmi) Segundo o tipo mítico geral, quem é d’Oxum é a vaidade em pessoa. Seus filhos têm as formas do corpo arredondadas, um jeito gracioso e grande capacidade de amar (Prandi, 1991). Gente que quer brilhar, assim é a mulher exuberante que ostenta os dons recebidos da mamãe Oxum. A idéia de mãe no Brasil é associada sobretudo à figura da mulher super protetora, que é capaz de grandes sacrifícios por seus filhos. Aquela que está sempre na torcida ou preparada para acolher e consolar em seu aconchego materno. É a chamada “mãezona” que se desdobra em seus afazeres domésticos, tudo em função do marido e dos filhos. Ainda é presente em nosso imaginário a figura da “mãe de leite”, aquela negra escrava que amamentava os filhos do senhor, e cuidava dos meninos brancos com dedicação, as sinhás mães postiças, que são capazes de estenderem seu carinho a muitos “filhos”. São as mulheres experientes que conhecem as artimanhas da vida, as conselheiras, as pretas-velhas da umbanda, as ‘divinizadas senhoras’. Essas são as velhas mulheres dos morros cariocas, as líderes comunitárias, as baianas mães de santo. Pessoas bastante reverenciadas como Menininha do Gantois, Clementina de Jesus, Ivone Lara, entre outras. “Mas é preciso ter raça, É preciso ter força, É preciso ter gana sempre.” (Milton Nascimento) O amor traduz-se em entrega de si na maternidade. Ser mãe é prazer e dor, mas sobretudo uma profunda experiência amorosa para uma mulher. Não por acaso a mãe é aquela que mais se alegra com sucesso e quem mais se angustia com o sofrimento de quem antes de mais nada é seu filho. Talvez por essa doação de si na relação materna, a mulher seja mais propensa à gratuidade no convívio social. Daí para um envolvimento num tipo de trabalho comunitário é um passo. A liderança da mulher em associações de moradores, movimentos populares e grupos religiosos é fato no meio da população pobre brasileira. A mulher é mais sensível ao trabalho voluntário e a dona de casa mais disponível para a participação em organizações sociais a partir da condição de proximidade de moradia, tais como em igrejas e grupos de bairro. Dessa atitude pode surgir engajamento político, projeção abrangente e até exercício de cargos públicos. E aí então o modelo são as conquistadoras de adesão e voto, como: Luiza Erundina, Benedita da Silva, Deolinda Alves do movimento dos sem-terra. "Ó mãe, me mostra, me ensina, me diz o que é feminina. Não é no cabelo, no dengo, no olhar, feminina menina por todo lugar” (Joyce) Continua... 5º parte

yá mi osun kare!

PALCIO REAL DO ATAOJA DE OSOGBO OBA IYIOLA OYEWALE MATANMI IIIO pacto de Laro O povo de Osogbo e o Ataoja têm um pacto com o rio Osun. Eles acreditam que o espírito de Osun, a deusa que mora no Rio Osun e tem ali seu palácio, num lugar próximo de Osogbo. Pensam também que todos os lugares profundos no Rio Osun, a partir de Igede, onde O Rio nasce, até a laguna Leke, onde ele despeja suas águas, são habitados pelos espíritos de todos os seguidores, servidores e amigos de Osun quando ela vivia. Esses lugares rasos ou profundos, nascente, corredeiras ou foz do Rio recebem a denominação de Ibu. Todos os Rios tributários que deságuam no Rio Osun são os dedos da deusa, e todos os peixes que nele existem, bem como em seus afluentes, são os mensageiros de Osun. Os nomes desses Ibu, associados à Osun, são os nomes das diversas Osun conhecidas no Brasil. Coletei oriki referentes a diversas formas de Osun na Nigéria, tais como Osun Ijuma, Osun Ipetu, Osun Yeye Kare, Osun Yeye Iponda. Osun Apara é saudada pelo Yeye merin, no que é uma abreviatura de Yeyem (u) erin, um (e) ni (Mãe que pega o elefante e pega as pessoas). Os tesouros de Osun são guardados no palácio do Ataoja. O templo do Orixá situa-se em frente e contém uma extraordinária série de estátuas de madeira esculpida, representando diversos Orixás. Da direita para a esquerda é possível ver: Osun Osogbo, que tem orelhas grandes, para melhor ouvir os pedidos, e grandes olhos, para tudo ver. Ela carrega uma espada para defender seu povo. Alege, uma heroína que salvou Osogbo quando os Fulani tentaram conquistar a cidade, em um ataque surpresa. Osala e Yeyemowo. Aniyan, que protege os tocadores de tambor. Orisa Oko, divindade da agricultura. Osanyin. Tefande, representado segurando potes que contem talismãs. Oya. Todas essas estátuas são ornamentadas com pontos brancos, os mesmos que aparecem desenhados nos corpos dos sacerdotes de Osala. Trata-se de pinturas simbólicas do Orixá da criação. Esses mesmos pontos brancos decoram certas estátuas no Brasil e os corpos das noviças durante a saída da Ìyàwó.



osogbo