12/02/2011

OSUN OSOGBO

O texto a seguir é tradução de uma matéria produzida por Kunle Ogunfuyi para o jornal nigeriano This Day Online, como enviado especial de Lagos a Osgbo para cobrir o Festival. Retiramos altuns trechos do texto para vocês, para conhecermos um pouco da origem da deusa dos rios e das cachoeiras, Oxum, tão cultuada em nosso país.



"Muitos séculos atrás, os caçadores de uma aldeia vizinha Ipole Omu, chamado Larooye, Olutimehin e os seus companheiros, migraram em busca de água. Eles resolveram se fixar as proximidades do rio Osun, onde atualmente fica Osogbo. Larooye, como um dos primeiros a se instalar na região, se tornou o primeiro Ataoja (rei) de Osogbo. Neste período, ainda não existia o culto à divindade do rio Osun.

Quando começaram as preparações da terra para a época de plantio, uma árvore caiu no rio e uma misteriosa voz vinda da água foi ouvida: "Larooye, Olutimehin, gbobo Iroko Aro mi leti fo tan" (Larooye, Olutimehin, com a árvore vocês destruíram os vasos das minhas tinturas". Após ouvir a voz, o medo tomou conta deles. Como ela sabia os seus nomes? Consultando outros espíritos protetores da sua comunidade, o rei Larooye pacificou a deusa do rio dizendo "Oso-Igbo pele o, Oro-Igbo rora" e a antiga cidade passou a ser chamada pela contração dessa expressão que apaziguou o espírito da deusa do rio Osun: Osogbo. Da mesma forma, o título empunhado pelo rei Larooye veio da função que a deusa delegou ao primeiro rei de Osogbo, nas oferendas do encerramento do festival. Ataojá é abreviação de Atewogbeja.

Ela ordenou que Obá Larooye, Olutimehin e seu povo se transferissem para a parte superios do rio chamada Ohuntoto, pois as coisas humanas não podem viver junto com as espirituais. Larooye e sua comunidade de mudaram, deixando apra trás o seu primeiro palácio, hoje, o Templo de Osun, no interior do bosque sagrado que beira o rio.

O tempo se passou e Olutimehin, em uma das suas caçadas, teve uma visão. Em uma clareira no bosque sagrado, dezesseis divindades luminosas dançavam com Osun. E Olutimehin conseguiu, através de encantamentos, capturar aquela luz que emitiam. Quando a deusa soube do que Olutimehin tinha feito, chamou-o junto com Larooye para conversar e lhes disse que aquilo nunca a havia preocupado. Mas avisou que as luzes devem ser celebradas ali, em Osogbo.

Foi o pacto entre a deusa e Oba Larooye que permaneceu os abençoando. Osun foi aplaudida por muitas conquistas importantes deste povo, fundamentais para a construção e prosperidade do Estado de Osogbo. Os poderes mágicos de Osun motivava a todos e assustava os inimigos. As tradições de Osogbo a aclamam como a deusa da fertilidade, da proteção e das bênçãos. Osun também possui a capacidade de dar filhos às mulheres estéreis e curar os doentes através das águas do seu rio. Por isso nasceu o festival anual Osun Osogbo , que também marca o aniversário de Osogbo e do dia de celebrar os Ataojás antepassados. Durante este período, os filhos e filhas de Osogbo vêm de longe, voltam para casa para promoverem séries de encontros e reuniões para o desenvolvimento da região."

"No palácio, fomos informados que o festival já está acontecendo há tempo. Começa com atividades como campeonato juvenil de futebol, o 2º Osun Festival, Campeonato de Golf, Dia dos Mascarados, Mostra Cultural de Filmes, Noite da Cultura Negra, Campeonato de luta, entre outros. Agora estão acontecendo campanhas de conscientização sobre o HIV, desfiles de moda e exibições de arte. Desde algumas semanas estão acontecendo sacrifícios para os antigos Ataojas, onde dezesseis lamparinas representam as dezesseis luzes apreendidas no bosque pelo co-fundador de Osogbo. Também têm sido feitos iboris para as cabeças dos líderes atuais e ebós para as falecidas esposas dos reis do passado.

O culto à deusa Osun prossegue até o climax, no Santuário, no final do festival. Inesperadamente uma sacerdotisa sai de dentro dentro da sua casa, em um pátio no interior do Palácio segurando uma faca. Sussurra algumas palavras, volta e se tranca novamente. Sua próxima aparição foi com a Arugba, uma menina virgem, transportando uma cabaça decorada e parcialmente coberta, cercada pelos sacerdotes e por uma grande multidão dentro e fora do palácio. O Ataoja também a segue acompanhado por seus parentes e por pessoas de longe que estão hospedadas no santuário.

A multidão caminha lentamente dançando ao som de músicas típicas, sob coloridos toldos da festa. É uma oportunidade para os comerciantes fazerem algum dinheiro, vendendo akara elepo (bolinhos fritos de feijão) estamparias em tecido, souvenirs, produtos das culturas agrícolas, em brincadeiras nas ruas e com os bata, dundun, aro (tambores) e sekeres (recipientes plásticos que são vendidos em grande quantidade, utilizados para coletar água do rio Osun.

Acredita-se que a Deusa Osun agora esteja reinando em todo o mundo e é por isso que a UNESCO listou o Bosque sagrado de Osun como Patrimônio da Humanidade.

O grand finale do festival é o momento das oferendas e sacrifícios, em forma de dinheiro, presentes, obis (nozes de cola) e aves como votos à deusa por seus adoradores à margem do rio. Entretanto, diversos outros grupos e profissionais como famílias reais, governantes, o Parlamento do Povo de Oodua e grupos culturais como o Centro Nike de Arte & Cultura, além de todos os patrocinadores, pagam suas homenagens ao Ataoja."

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